Postectomia (circuncisão) em Adulto - Relato

Olá descabaçados ou futuros descabaçados.

Esse será um relato breve e resumido sobre minha experiência com a postectomia, a famosa circuncisão. Creio que este seja o seu real interesse na visita desse blog.

Primeiramente gostaria de me apresentar. Chamo-me Alexandre, tenho 30 anos, casado e moro em Minas Gerais. Hoje fazem 14 dias de operado.

Dividirei em tópicos toda essa experiência e caso haja dúvidas, terei prazer em responder e acalantar sua alma preocupada.

Motivo

Eu e assim como provavelmente você, não sou judeu e não estou me convertendo a tal. Então a religião não foi o motivo para a circuncisão. Desde pequeno ouço sobre o famoso excesso de prepúcio que eu tinha. Não era fimose, mas sim um pouco mais de pele que o necessário que ficava escondendo a glande. Mas sempre relutei contra essa cirurgia, por se tratar duma região das mais importantes do meu corpo.

Porém, depois do meu “start” na vida sexual, fungos (candidiase) me atormentaram até 14 dias atrás. E esses são realmente chatos. Perdi as contas de quantas pomadas e fluxonazois usei e quantas vezes minha parceira e eu ficamos privados de sexo por conta deles. Então, em uma das minhas ultimas consultas com o urologista, novamente fui aconselhado a fazer a cirurgia. Não foi uma fácil decisão, afinal, seriam de 6 a 8 semanas na seca, sem falar no famoso pós-operatório. Mas decidi que era o melhor a ser feito. Seria um investimento a médio prazo (dor e privação). Marcada a faca.

São necessários alguns exames pré-operatórios, para avaliar as condições.

Talvez seja o seu medo assim como foi o meu, será que o médico sabe o quanto cortar? Sim, ele sabe.

Cirurgia

Chegado a hora, já não tinha mais o que fazer. Confesso que até adentrar as portas do centro cirúrgico pensei em desistir.

Ao contrário de muitos relatos que li, não foi necessário internação, muito menos um preparatório cirúrgico.

Estava marcado para as 09h30m e em pontualidade fui chamado por uma jovem enfermeira.

Entrei na pequena sala e lá estavam o médico e nada mais nada menos que três jovens enfermeiras. Algo meio constrangedor. Tentei me abster daquela situação e logo me entrosei com as enfermeiras. Como possuo muitas tatuagens pelo corpo, foi um bom pretexto para uma conversa.

O médico aferiu minha pressão, perguntou como estava e logo mandou arriar a bermuda até abaixo do joelho. Era tanta vergonha que acho que bilau virou uma pererequinha. Nada de sedativo ou o famoso cheirinho para um cochilo. Lembre-se de estar com poda dos pelos em dia.

Posto um biombo sobre meu peito para que eu não pudesse ver, iniciou-se o procedimento. O médico fez a assepsia com iodo e começou aplicação da anestesia local. Sim meus caros, são mais ou menos 5 agulhadas no bilau, inclusive uma dentro da uretra que a dor é parecida com a dor do parto. Nunca pari, mas não pode existir dor maior do que aquela agulhada. Não Mesmo.

Depois da anestesia não sentia nada além dos movimentos na região. Uns 40 minutos depois já estava pronto e ele parecia uma múmia, todo enfaixado. Levantei-me e fui para uma cadeira para escutar as recomendações do pós. E novamente, diferente de vários relatos, a prescrição foi de apenas anti-inflamatório durante cinco dias, sem pomadas e sem curativos. Apenas repouso, bilau virado pra cima e gelo durante o primeiro dia, de hora em hora.

Pós-operatório

Pois bem, achava que o pior havia passado. Ledo engano. À medida que a anestesia ia passando a dor ia chegando com força total. Tomei um ibuprofeno (analgésico barra pesada) e um anti-inflamatório receitado pelo médico e a dor foi passando aos poucos. Não fiz o repouso recomendado e tive um pouco de sangramento à tarde, nada de mais, mas preocupante.

O médico havia me dito para retirar o curativo naquele dia mesmo e assim o fiz. A primeira vez que você o vê naquela situação, dá vontade de chorar. Todo costurado, inchado e dolorido. A limpeza é um pouco dolorosa, mas nada impossível. Mesmo sem recomendação, refiz o curativo. Era praticamente impossível ter contato dele com a cueca sem sentir dor, principalmente quando andava.

Pra ser sincero, não tive mais dores como a dor após o efeito da anestesia.

Atividades físicas de grau leve a moderado estão liberadas a partir do 7º e atividades de grau pesado (academia, corridas, ciclismo, etc) a partir do 14º dia.

Ereção

Aqui está o grande medo de 10 a cada 10 operados. Ereções.

É obvio que em sã consciência nenhum operado ficará com pensamentos maléficos ou vendo “nudez” no whatsapp após a cirurgia, mas é durante a noite que o involuntário preocupa. Eu particularmente tenho muitas ereções durante a noite e não foi diferente nas noites subseqüentes a cirurgia.

Durante a primeira noite, tive ereções durante umas três horas e dores quase insuportáveis. Gelo é uma boa pedida e sangramentos serão inevitáveis, mas nenhum ponto estourou.

Há pessoas que programam o despertador de hora em hora para checar o cidadão. Achei desnecessário.

Como disse, hoje, 14 dias depois de operado, não tive uma noite tranqüila sem ereções, porem, as dores desapareceram no 10º dia.

Inchaço

O inchaço varia de pessoa a pessoa. No meu caso, por volta do 5º dia, já estava praticamente desinchado, tendo apenas uma bolsa do lado esquerdo, para onde ele fica tombado. Desaparecendo completamente após o 12º. É importante mantê-lo para cima quando puder, ajuda bastante. Muitos relatam do tal “cachecol”, mas no meu caso durou pouco tempo.

O local da aplicação da anestesia na uretra também incha muito, causando uma sensação de entupido e por vezes criando vários jatos de diferentes sentidos, sendo praticamente impossível urinar sem molhar a pia, a perna, o chuveiro e a lâmpada do banheiro. Caso não te incomode e não afete seu ego heterossexual, urinar sentado é a melhor opção.

Pontos

Durante o processo de cicatrização, os pontos expelem um liquido amarelado sem cheiro e um pouco viscoso de nome engraçado que não me recordo agora. Confesso que fiquei deveras preocupado achando que era inflamações e até cheguei a me consultar por esse motivo. Mas o médico disse que estava tudo muito bem e me tranqüilizou.

Os pontos começaram a cair, embasbaquem-se, aos sete dias e o ultimo hoje, no 14º dia.

Os pontos que ficam no freio, costumam a dar “choques” quando em contato com a roupa. Esse foi o motivo de manter curativo até a queda total dos pontos dessa área.

De maneira alguma tente puxá-los, isso pode fazer com que a cicatrização não fique perfeita.

Abstinência

Esse é um tópico muito importante.

Muitos relatam que já se masturbavam após 14 dias e até alguns que o fizeram mesmo durante a fase dos pontos. É muito perigoso e pode complicar a cicatrização.

Confesso que estou entrando no meu limite de abstinência e está ficando difícil ver minha esposa e não pensar em coisas libidinosas. Mas tentarei manter-me assim até pelo menos 4 ou 5 semanas, apesar do conselho médico de ser entre 6 e 8 semanas.

Cicatriz

A cicatriz da cirurgia não é das mais invisíveis. Pessoas com problemas de quelóides (hiperplasia fibrosa) devem questionar o médico sobre o tratamento.  Existem pomadas que amenizam as cicatrizes e também casos de necessidade de nova intervenção cirúrgica para correção.

Aparência

Ele não fica maior nem menor, apenas com a glande exposta, tirando aquele aspecto de bilau de neném. O famoso bico de chaleira.

Sensibilidade

Foi e será incomodo por um tempo a questão da sensibilidade na glande, afinal, foram 30 anos protegida pela pele. O atrito dela com a cueca é estranho, mas já está passando. Creio eu que dentro de um mês já estarei totalmente adaptado.

Existem pesquisas nas quais estuda a relação da circuncisão com o prazer sexual. A quem diga que a masturbação piora e o sexo melhora, principalmente durante as primeiras penetrações, quando a parede da vagina está pouco lubrificada e não tem aquele monte de pele atrapalhando. Mas isso só poderei dizer daqui algumas semanas.

Bem pessoal, é isso. Caso tenha dúvidas, estamos às ordens.